Season 1, Episode 2, Part 2

Saíram da sala passado pouco tempo.

- Temos de interrogar esses tais funcionários. Mikes e Adam, podem fazê-lo?
Louise sorriu a Sarah, cuja expressão se manteve exatamente igual.
- Louise. - Sarah aproximou-se da sua secretária.
- Sim, Miss Korn.
- Está a tentar afastar-me deste caso?
- Claro que não. É um caso perigoso, que pode ser mais do que aquilo que parece. Trabalhamos para o Governo, só resolvemos o caso do Bullying porque nos foi pedido pela base portuguesa. Este caso é diferente, maior e mais perigoso. Acho que Mr Cullen e Mr Mikes são as pessoas ideias para o resolver.
- O Mikes?
- Estou apenas a testá-lo.
Sarah manteve-se em silêncio.
- Compreendido, Miss Korn?
- Sim.
Louise olhou-a nos olhos.
- Sarah! Não estou a afastá-la do caso.

- Sophie, diz-me onde se encontra Carl Zimmer.
- Neste preciso momento está a almoçar num restaurante do outro lado da rua. Cabelo negro, fato cinzento, a falar ao telemóvel.
- Já estamos a ver. Bem me apetecia comer qualquer coisa.

Entraram e sentaram-se na mesa dele.

- Conheço-os?
- Adam Cullen, SCI.
- Thomas Mikes, NYPD. Agora já.
- Matei alguém?
- Só Carl o poderá dizer.
- Rápido, tenho de ir trabalhar.
- Não me parece. Está desempregado. Foi despedido há cerca de uma semana do escritório onde trabalhava.
Olhou para nós surpreendido, bebendo mais um gole de sumo.
- Vai-me explicar quem era Eva Olsen?
- O que é que lhe fizeram?
Mikes sorriu.
- Nós somos agentes, estamos a fazer-lhe um interrogatório. Nem sabemos onde ela está. Porque lhe estaríamos a perguntar?
- É do almoço.
E Carl caiu inanimado no chão.
- Carl!
- Mikes, vê-lhe o pulso.
- Está morto.

Os dois dirigiram-se de novo ao escritório.
- Precisamos de falar com Richard House.
- Está no escritório.
- Richard?
Não disse nada.
- Richard House?
Adam aproximou-se da sua secretária e, ao ver-lhe a cara…
- Não acredito.

Às portas do SCI Sarah tirava um ticket para estacionar o carro.
- Problemas com o carro?
- Multa.
- Multa a uma agente federal...?
- Polícia de trânsito!
Entraram barulhentamente na sala principal.

- Mais dois mortos.
Louise apareceu com o comando na mão.
- Richard House e Carl Zimmer.
O telefone tocou.
- É do laboratório forense, Carl envenenou-se com Sarin, enquanto o interrogavam.
E Sophie apareceu, para os salvar do olhar furioso de Louise.
- Sarin é um veneno produzido em laboratório, que atua por inalação. Foi criado pelos nazis em 1939. Em contato com o organismo debilita os músculos e causa uma paragem cardíaca e respiratória. Foi esse o gás usado num atentado ao metro de Tóquio em 1995, que matou doze pessoas e feriu cinco mil.
- Temos de descobrir essa Eva Olsen. Sophie, ela tem cadastro?
- Lenn, procura por favor, Eva Olsen. Não me apetece subir as escadas.
Louise olhou-a como se quisesse matar…
- Já estou a ir…
- Não, não tem cadastro. – informou Daniel. – Mas consigo localizá-la através do telemóvel.
- Isto dos criminosos com telemóveis topo de gama com o GPS ligado… não combina.
- Falta saber se é criminosa ou não.
- Mulheres, telemóveis, GPS’s… não.
Sarah pisou Mikes com o tacão do sapato.
- Homens,… não é preciso mais nada. E já chega!
Sarah deixou escapar uma gargalhada e parou ao pé de Louise.
- As duplas estavam muito bem como estavam.
- Eu decido como estão bem, Agente Korn.
- Não tem lógica.
- Agente, nem tudo na vida tem de ter lógica. Por vezes é preciso fazer sacrifícios para o bem dos outros e para o nosso próprio bem.
- Para o nosso próprio bem?
- Sim, e eu estou a fazê-lo.
Acelerou o passo e subiu as escadas quase a correr. Sarah tinha a certeza de que ela lhe escondia alguma coisa.
- Ela está neste momento… em casa! Precisamente.
- Okay, vamos lá agora. – anunciou Adam.
- Oh, sim… sim, vão.
- Alguma coisa, Sarah?
- Não, uh…

- Abra a porta, NYPD!

Ninguém abriu.
- Abra a porta, SCI!
Ouviram-se passos no soalho.
- Só assim é que assusta… aprende, Mikes.
- Sim…? – pela foto que Daniel lhes tinha mostrado, a mulher que viera abrir a porta era a mulher que eles procuravam.
- Eva Olsen?
- Sim…
Ela tentou fechar-lhes a porta, mas Mikes agarrou-lhe num braço, torceu-o e algemou-a.
- Vamos dar uma volta, não tão interessante como uma ida ao shopping, mas…

Chegaram ao SCI.

- Já para a sala de interrogatórios, nem vale parar para ver o resto, embora eu saiba que a nossa sala está muito bem decorada… Sarah, a televisão? – perguntou Mikes.
- A Louise levou-a lá para cima.
- É para entreter a Sophie e o Lenn…- comentou Peter.
- Oh, coitados!
- Vê-se logo que há ali coisa! E não é só com eles…
Louise desceu as escadas, aparecendo gloriosamente na sala.
- Sarah e Mikes, interrogatório.
Ela conteve um sorriso.

- Qual a sua relação com Carl Zimmer?
- O Carl… o Carl perdeu o emprego por minha causa. Cometemos um erro. Toda a gente comete erros, não é verdade? Nunca cometeu erros?
Sarah parou de repente.
- Sarah, estás bem?
Sarah levantou-se, virou-se de costas enquanto batia ritmadamente com as pontas dos dedos na mesa e voltou a sentar-se.
- Vai falar a bem… ou não vai falar a bem?
- Eu e o Carl apaixonámo-nos… parece que o desgraçado do House não sabe o que é o amor...
- É tão leal… não é? Faz estágio no escritório dele mas considera-o um desgraçado… - Sarah definitivamente detestava-a.
- Vai-me dizer que durante todo o seu percurso até se tornar agente nunca detestou ninguém que lhe era superior…
- Detestei pessoas a mais.
- Ah, então não fale. Vai-me dizer que nunca amou nenhum parceiro de trabalho.
- Não!
- Eu não tinha tanta certeza…
- OUÇA!
-Ei, calma! – Mikes empurrou-as.
Sarah sentou-se pesadamente na cadeira onde estava.
- Já percebemos que detestava Richard House.
- Detestava?
- Richard House já… está morto.
- O Richard está morto?
Eva levantou-se e sorriu de orelha a orelha. Sarah e Mikes entreolharam-se.
- O Carl também.
- O Carl está morto? – perguntou Eva, enquanto deixava que as lágrimas lhe começassem, lentamente, a escorrer pela cara.
- Envenenou-se. Pergunto-me em que coisas andava ele metido.
- O CARL ERA… ERA BOA PESSOA! ATREVA-SE… ATREVA-SE A FALAR MAL DELE!
- Só pelo facto de possuir um frasco de veneno que apenas é produzido em laboratório na algibeira já tiro as minhas conclusões…
- ANDA TODOS OS DIAS ARMADA E NEM ADIVINHO QUANTOS JÁ MATOU!
- Se possuo um distintivo é porque me ensinaram quando devo disparar.
Mikes não estava a gostar do rumo da conversa.
- Eva, não estamos aqui para falar da minha vida privada, algo que não lhe diz respeito! Responda às perguntas, mantenha-se quieta e não namore o meu parceiro!
Mikes surpreendeu-se com aquela.
- Eu apaixonei-me pelo Carl… as coisas desenvolveram-se e o House não gostou. Passei a detestá-lo desde que o despediu. Não tenho mais nada a dizer.
- Falta aí qualquer coisa. Talvez problemas étnicos.
- Raciais?
- Não, ele era americano.
- Religiosos?
- Nada demais.
- Nada demais?
- Por vezes interrompia o trabalho a meio para fazer as suas orações. Não vos sei dizer quais porque sou ateia.
- E ele…?
- Judeu. Sempre foi.
Sarah e Mikes trocaram olhares.
- Sabe se isso constituía algum problema?
- Acho que, apesar de tudo, o House tinha uma mente aberta.
- E sabe de alguém no escritório que não tivesse?
- Não conhecia muito bem toda a gente… mas por vezes um homem chamado Andrew olhava de lado o Carl quando ele parava o trabalho para rezar. Aliás, o Carl chegou a comentar comigo que não gostava nada dele.
- Andrew?
- Andrew Granger, acho eu.
- Obrigado pela colaboração, Eva… Olsen e… até à próxima. – despediu-se Mikes.
- Por onde é a saída?
- Eu levo…-te.
- É PELA PORTA. – disse Sarah.
Eva levantou-se, olhou para Mikes e saiu.
- Este é o efeito que eu tenho nas mulheres.
Sarah sorriu.
- Então? – perguntou Peter.
- Andrew Granger, o antissemita do escritório. – comentou Mikes.
Louise estava envolvida no conserto da televisão, e de repente levantou os olhos e olhou para Sarah.
- Louise, eu quero mesmo entrar neste caso. – disse ela.
- Agente Korn, percebe agora porque a tentei afastar?
- Eu nunca desistiria de um caso por questões pessoais.
- Estou a protege-la. E vou continuar a protege-la.
- Eu não vou desistir deste caso, sei manter a descrição…
- Sarah!
- Já disse.
- Sarah fique calma, isto não vai correr bem!
Ela ergueu os braços e saiu.
- Agente Lee, cuidado. – avisou Louise. E, com um olhar preocupado, regressou lentamente à televisão.


Sei que esta parte foi um bocado parada. No entanto, as que aí virão valerão a pena... fica a promessa :o