quarta-feira, 18 de maio de 2011

Simplesmente um anjo

Por entre caminhos de silêncio
E brisas tristes
Alguém animava sempre o dia
Alguém que já não está aqui,
Alguém que já não existe.

“Consigo ver-te”
“Consigo abraçar-te”
No pensamento de não ser ninguém.

“Consigo lembrar-te”
“Consigo chorar-te”
Na perspectiva de ser alguém.

De verdade, sabia
No fundo da alma
Que a tua presença
Jamais se retomaria.

E há almas que não se esquecem
E ruas que se percorrem
Para lembrar alguém
Que simplesmente se tornou um anjo.

Anjos que comunicam connosco,
Anjos que sentem o bater do nosso coração,
Anjos que choram connosco,
Anjos que não se apagam,
Com a morte do tempo,
Com falas em vão.

Humanos, simplesmente humanos
Humanos que já não o são.

6 comentários:

Mané disse...

Mensagens, ocultas no silêncio, que me fazem pensar, sorrir, chorar e...acreditar.
Angel, parabéns, tens um enorme potencial!
Aguardo um livro.
bjnh

common courtesy disse...

Obrigada, realmente são mensagens innesquecíveis e silenciosas, mais fáceis de perceber que por mil palavras escritas.
O livro está a caminho! E já está muito perto do fim!
BJS

Joan disse...

Hão almas que, efectivamente, não se esquecem...
And remember "life is eternal"...

PS: Tens um enorme talento! Parabéns! Continua a mostrar-nos coisas assim.

common courtesy disse...

Exacto, e este poema tenta, sim tenta, porque um poema nunca tem só uma intrepretação, mostrar isso. Que as almas nunca se esquecem, da mesma maneira que nunca acabam. Os anjos figuram a eternidade, dos falecidos que cuidam de nós, que nos vigiam. Que nos sentem, que comunicam connosco, que partilham os nossos sentimentos, que não se deixam abater. Que estão presentes, sempre presentes. E isso não me assusta. Nada. Reconforta-me, descansa-me. Faz que com nunca me sinta sozinha, ao mesmo tempo que decido quando estou ou não, estando sempre a ser vigiada, na mais clara privacidade.
OBRIGADA
BJS
ANGEL

Joan disse...

Os poemas, de facto, não são entendidos objectivamente. Mas isso por um lado é bom, deixa-nos escrever sem que ninguem perceba, efectiva e exactamente, aquilo que sentimos.
Nem deve assustar, faz parte da vida.
Beijinhos,
Joan

common courtesy disse...

É essa a verdade. A poesia deixa-nos escrever o que queremos, sabendo que os outros intrepretarão de outras formas, ajudando também os outros. E é na poesia que encontramos também a crítica, que muitas vezes é levada a mal, mas que temos de suportar. Escreve-mos. Corremos o risco.
BJS
ANGEL