sexta-feira, 5 de agosto de 2011


Somos o que nunca se compreende, a memória que ficou por recuperar. É nessa serenidade desconfortável que procuramos uma estabilidade sóbria, algo que nos segure e nos dê a mão. Estamos sempre suspensos para o Mundo, a ser empurrados pelo vento. Nunca estamos no mesmo sítio, há sempre algo que nos desvia sem piedade por entre lágrimas. Procuramos toda a vida pela felicidade eterna, algo perfeitamente inexistente, no entanto concorrido, pois a ideia que temos é a de permanência. Vivemos para tentar encontrar algo que não nos escorregue por entre os dedos, mas estilhaçamos cada fragmento de seja o que for que agarrar-mos, pois não conseguimos controlar nenhuma existência senão a nossa, e mesmo assim somos impossíveis de prender. Abrimos os olhos para o Mundo, esperando sempre que algum dia o consigamos ver de forma totalmente bela. Somos o reflexo da maldade, mas mesmo assim, para sempre, procuraremos pela beleza interior que não pode ser senão alcançada por nós, o que é desconfortante. E porque nada é eterno, tudo desliza pela nossa existência, nos segundos ténues do momento, sem que o possamos agarrar. Sem que o possamos prender a nós próprios, sem que possamps reflectir nele o nosso olhar, gravar na sua transparência o nosso raro sorriso. Sonhamos constantemente com o que não acontece, prevendo a toda a hora o futuro sequenciado da vida que, apagado por nós mesmos, desaparece.

7 comentários:

daniela fernandes disse...

Somos pequenos, confusos, irrequietos e inacabados. Sempre inacabados. Morremos 'por fazer'. Mas em vida terrena com a ilusão de que podemos, efectivamente, realizar-mo-nos vamos correndo de um lado para o outro numa incessante busca de algo que muitas das vezes nem sabemos o que é.
Uns dizem que é a felicidade e vivem em função de a achar. Mas é como dizes, estragamos tudo em que tocamos. O Homem não sabe ser feliz por muito tempo porque não sabe estar parado. Tem de destruir e retomar a busca.
Existem ainda aqueles que nem sequer param para desfrutar do que têm, porque têm os olhos postos no horizonte. Em algo.

E, é mesmo essa a sensação que tenho quando passo por bons momentos. Que eles fogem. Como o fumo que inutilmente tentamos apanhar e conversar nas palmas das nossas mãos. Nem juntas, elas o conseguem prender. E nada tem que ver com falta de força!
Quando era mais pequenina e tinha um dia excelente e depois tinha que ir dormir, na manhã do dia seguinte, quando acordava no escuro e notava que o dia tinha ficado preso no passado, encolhia-me (punha-me assim naquela posição de feto), tapava-me até à cabeça e pedia, pedia, pedia para que o dia anterior voltasse. Para que quando me levantasse tivesse a oportunidade de fazer o que tinha feito no dia anterior. Pedia tanto, era capaz de ficar meia hora seguida a pedir. Com muita força e nada! Como disse, não tem nada que força com a força que colocámos nas coisas. Quando não dá, não dá mesmo!
(mas eu fazia cada coisa, agora que penso ahahahah)
E, parabéns Sofia por mais um fantástico texto :) Gostei tanto!!!
beijinhos,
daniela fernandes

common courtesy disse...

"Morremos por fazer", sem dúvida, Daniela! Como dizia a minha mãe (inspirei-me no verso da capa do livro dela ahahah) "ficam por ser".
E não podia concordar mais com o que dizer. Uns chamam-lhe felicidade, outros chamam-lhe realização pessoa, nos SIMS 3 chamam-lhe desejo vitalício ahahaha XD XD!!! Mas é a verdade, procuramos, estragamos, e voltamos a procurar, se assim não fosse não seria VIDA e muito menos HUMANIDADE. Sim, e há as pessoas que querem sempre mais, que procuramm sempre mais, que apreciam a busca a não o "algo" encontrado, enquanto que outros simplesmente procuram o menos que podem, contentando-se com o pouco que procuraram ou que, infelizmente, lhe caiu aos pés, ou do céu, ou de onde caiu!
"O tempo passa rápido", talvez, ou talvez nós não sejamos capazes de desfrutar completamente das coisas boas. Estamos sempre a procurar por mais, queremos sempre mais, e quando há uma coisa boa passamos literalmente por ela. Gostamos de fazer de vítimas, de nos queixar que não temos, e na verdade alguns de nós só estão bem quando não têm. Mas há as reais vítimas. Aproveitam o que é bom de verdade da melhor forma que sabem, mas o tempo não perdoa e é necessário regressar à procura.
Não digas isso, tu fazias aquilo que poucos fazem! Tu pensavas no que tinhas, desejavas que os momentos voltassem com toda a força que tinhas, fazias bem, muito bem! Eu sou igual. Não peço para "o nada", claro, fico a pensar "oh, como gostava que este dia se repetisse" ou então em relação a sonhos. Às vezes estamos a passar por fases piores, e apenas nos sonhos encontro aquilo que falta, para continuar a encher o buraco impedindo-me de cair nele. Por vezes desejo tanto voltar a sonhar com algo, que meio Mundo desaba em cima de mim quando acordo. Confronto-me com a realidade, é terrível. Terrivelmente verdade!
E, por fim, obrigada, mais uma vez :D
Beijinhos

daniela fernandes disse...

De nada querida Sofia :D
É sempre um enorme gosto falar contigo e quando penso que desta vez vai ser um comentário pequenito, engano-me. Palavra puxa palavra et voilà!! Ficas aqui com mais um comentáriozãao ahahaha

common courtesy disse...

;) Ehehehe dão jeito!!

marisa disse...

Obrigada querida, já voltei : )

common courtesy disse...

;) De nada

marisa disse...

No geral sim, até correram : )