
Tiraste-me do meu lugar com uma pinta que achei que nem merecias uma resposta. Ou talvez eu não merecesse, ou talvez fosse bem feita, e eu tenho de aprender a estar calada, não foi o que eu disse? Mas isso foi o meu pensar já elaborado, porque na altura eu calei a cabeça à roda, e não disse nada. Ignorei os comentários que não eram de todo maldosos, e os olhares surpresos por me ver a distância que há dois anos eu lutava para que permanecesse inalterada. E como uma obcecada sem direito a um olhar sério, limpava a mesa que já não era minha.
Mas vós não sabeis o que custa. Aquele movimento, de torcer as costas e o cabelo doirado para trás, um movimento lento e doloroso que eu não teria de forçar o meu corpo a exercer se, efetivamente, os visse com o olhar carinhoso e a acrópole em que me erguia lá. Mas nem tu, nem nenhum deles, o pode entender. Nenhum deles merece atenção e respeito. Nenhum deles merece o que quer que seja, porque clamam aos quatro ventos mil e uma profecias nojentas, e fazem tudo, e dizem tudo. Mas quando se apanham na oportunidade, pegam no meu corpo ridículo e arrancam-no do lugar que é meu e meu há de ser.
2 comentários:
a imagem .... *o*
às vezes apegamo-nos demais às coisas ... e ninguém percebeu que "tiravam um pedaço de ti" ao tirar-te daquele lugar.
pois.
pois não perceberam, nem vale a pena...
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