
Sou eu, a rainha sem coração, dona de um universo só meu, e não teu. Porque se fosse teu e não meu, então nada disto seria controlado por mim, ensinado a respirar, nada disto morreria tão facilmente. Não seriam as paredes deste castelo tão duras, tão minhas, nem os corcéis animais de tão grande porte, de olhos rasgados em sangue azul. Esse sangue azul do qual eu não preciso para ser dona de tudo na mesma. Esse sangue azul do qual eu não preciso para ter o coração mais insistente, e mais frio, e mais tudo aquilo que lhe chamaste a palpitar-me na garganta. Que posso eu fazer? Como me posso perdoar? Como posso exigir aos camponeses que paguem o preço da maldade que eu instituí? Como posso justificar as palavras jamais proibidas de serem ditas? Como os posso obrigar? Ter o poder não faz de nós heróis. Ter o poder não faz de mim rainha. Apenas dona de um universo só meu, tão inteiro quanto o teu, e o nosso, e o deles.
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