sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013



Provavelmente é o meu orgulho, ou a minha raiva, ou a minha simples confusão. Sei, sei que vivi todo este tempo numa ilusão, sei o que fiz ao meu coração. Alguém cego de raiva, disseste. Talvez, talvez seja isso que eu tenha sido e continue a ser. Talvez seja isso que falho ao tentar impedir-me de ser. Se posso eu impedir. Poderei? É como se nada fosse dono de um sentido, sempre. É como se a minha alma se arranhasse em torno do meu corpo alheio, à procura de um eu outrora roubado pelas vozes da minha mente. As vozes que sempre falaram tão baixo que me perdi a tentar ouvi-las. Falo de mente porque sempre gostei da palavra mente, palavra que também me relembre as duas já tão velhas, usadas escolhas, decisões. A do coração e a da mente. A da mente que me é sempre tão docemente desconhecida. E fecho os olhos, fico a ver as palavras num desvanecer ritmado no meu cérebro, os lábios ensanguentados, fico a desenhar este e aquele abraço, este e aquele lugar, este e aquele momento, a cantar baixinho, a encontrar o vazio do que não existe e a bradar promessas que sempre haviam ficado por ser. Fico a pensar em ti e no passado que nunca era suposto ter durado tanto tempo. Fico à espera que tu esperes a minha decisão, fico a ter a certeza de que jamais decidirei. Não me podes pedir, não me podes pedir para decidir se por pouco ainda tenho coração, se eu não sou eu. Como pode essa mulher decidir por mim? Pouco a aguento, pouco me aguento sequer a mim.

2 comentários:

- inkheart disse...

tomarás a melhor decisão para ti. Demores o tempo que demorares.

não alguém cego de raiva, é antes alguém que sente falta de quem deveria estar ao seu lado incondicionalmente, falta de quem ama, falta de quem lhe foi roubado bruscamente.

common courtesy disse...

nunca hei-de chegar a nenhuma conclusão.

não sei. só fiz asneira este tempo todo.