2013

 

Mais um ano que passou. Lembro-me tão bem do que escrevi o ano passado. Que não queria que 2012 fosse pior nem melhor, que queria que 2012 fosse apenas 2012, e que eu estaria aqui para aguentar outra vez. Não publiquei nada no Natal porque, sinceramente, o Natal perdeu o significado. No Ano Novo também não há qualquer festa. Dantes havia, a família juntava-se e partíamos o candeeiro com as rolhas das garrafas que voavam pelos ares e os risos que eram quase gritos. Depois, tu foste-te embora. Deixaste-nos todos. Deixaste-me a mim. E com a tua ausência crescente, cresceu a ausência dentro de nós, e da nossa alma para os nossos olhares, a ausência ganhou ela mesma uma vida que é quase presente. E é na vossa ausência, que é a vossa presença, estou aqui. Aqui à espera que chegue a meia noite para procurar pelo rasto de qualquer tipo de fogo de artifício. Mas este ano, embora, como no ano passado, queira que seja apenas ele, repleto de emoções fortes, de gritos, de lágrimas, de sorrisos, e de sentimentos, porque assim vale a pena na verdade, tenho um desejo. É o primeiro ano em que desejo algo com tanta força, algo tão a sério. Porque eu desejo ter-te aqui. Desejo que voltes. Mas afeiçoei-me à escuridão de tal forma que temo inclusive sentir-me vazia de novo, com um sorriso que não me deixa o rosto. Tenho medo disso, tenho mesmo medo. Porque a escuridão é acolhedora, é justa, é bela. A escuridão é a sua mesma integridade que é a minha presença e a tua ausência. És tu. Sou eu. A escuridão somos nós.