~

De novo, caio. Volta e meia caio sempre, e o mais fundo que consigo. Depois, quase insensível à minha própria dor, como se de mim não se tratasse, tudo está de novo bem. Uso com frequência os fins-de-semana para fazer nascer a força que morreu. No fundo é tudo uma farça, é um jogo monótomo, é uma canção quase entediante. Um dia vai ficar tudo bem, murmuro, mas pouco acredito. É demasiada dor, demasiada saudade, demasiado tempo para que tudo fique bem um dia. Mas eu não sou como tu, eu não deixo fugir as pessoas que amo e não as troco, não sou cega por quem me destrói, por quem me rouba o que de mais precioso tenho. Por isso, ano e meio depois, eu aprendo a dar a mão a quem não quero que fuja, e não preciso de agarrar ninguém. Pois eu sei que o amor é frágil, pois eu sei que frágil sou, assim. Por isso renasço de novo, renasço outra vez todos os dias. Tenho dentro de mim a certeza de que tudo vai ficar melhor em Dezembro. Eu sei que tudo vai ficar melhor em Dezembro. Em Dezembro. Por isso tento lutar, tento ultrapassar este mês e estes dias cheios de dor o mais rápido possível, com as mais escondidas forças em mim, só desejo que passe rápido. Dezembro não me irá dececionar.

Devo ser a tua maior desilusão, tudo o que pensaste que eu seria, eu não sou. Nem nunca hás-de saber aquilo em que me tornei por tua causa. Mas devias ter orgulho em mim. Não pelas minhas notas, não pela minha aparência, devias ter orgulho em quem eu sou.

É uma pena. Nunca chegarás a conhecer-me. Quando voltares, quando um dia voltares, eu terei ido. Eu terei ido.

 

-kensi-