olho de gato

procura mais fundo nesse poço, ó feiticeira, já que gritas aos quatro ventos não ter medo do inatingível, já que guardas no bolso o segredo para ser feliz. tens olhos de gato silvestre, e lábios que me trazem à memória o que há de mais belo na primavera, quando as maçãs vermelhas começam a nascer dos teus braços. arrisca, feiticeira, porque tu tens aquilo que desejas onde não o podes encontrar. que tens tu a perder? o máximo que podes desperdiçar é um acordo do qual tens medo. corre por essa floresta fora dentro de uma bola de cristal. estás presa, sempre estiveste presa ao que não eras na esperança de o poder ser. desejas sempre voar como as penas mas cais sempre no chão. crias esperança nessa alma dita insane para depois a deixares morrer. corre, feiticeira, que ainda estás a tempo de desaparecer. fica apenas se tiveres a certeza de que há muito te perdeste, de que há muito deixaste de o sentir, e aceita os teus sonhos como eles são. oh, feiticeira, como a magia não te diz para onde ir.