eles são eles e eles sabem

 



 Eles sentam-se ao meu lado, carregam consigo uma expressão de puro cansaço, tão incompletos na facilidade indomável das palavras que descarregaram sobre si quando ainda eram uma alma aberta e surpreendentemente tocável. Ou então eles aproximam-se, remexendo num movimento repetidamente eterno dos dedos finos do piano inconsulável nos cabelos pintados ou de mãos escondidas nos bolsos escuros inacabáveis e fixam-me curiosamente. Desbobina umas palavras quaisquer de orgulho visível e horror profundo pela resposta que sabe que darei à pergunta que sabe que farão à qual eu chamo despejar. Porque, na verdade, eles perguntam-no a todos, todos respondem respostas repetidas, eu perscuto pelo incomcebível e pelo ousado, porque a ousadia é algo que me acompanha e eu sou a minha própria força, inquestionável, até então. Depois de sorrirem de orgulho alheio premeditado, perguntam. Sorrio eu com o meu orgulho que é mais verdadeiro e mais sincero e mais incomum, e respondo de olhos brilhantes e risonhos, mente aberta mas não tocável. Decepção intratável. Eles ficam assim. Atiram palavras aconselhadoras e surpreendidas, troçam. Acham que conhecem os segredos do inquestionável, acham que desconhecem a compreensão. Têm razão, têm. E é na razão deles e na minha própria consciência que reside o medo, que reside a dor e a raiva por aquilo que outros como eles fizeram do meu mundo. O mundo que habito e respeito é agora interessado, pré-definido e maltratado. É desrespeitado, usado, aproveitado. É uma nascente reprovável de papel valorizado e muitas canetas gastas em assinaturas condenadoras. É o lado negro daquilo que é belo e diferente, o lado negro daquilo que é a paixão pura por ser o que se não é e o que se ambiciona ser, é o lado negro e o terror habita aí, na perfeita noção de que não há lado bom agora. Eles temem o lado negro existente mas não lamentam o outro lado, aí entra a minha mágoa. Não serão eles capazes de reconhecer a magia? Não entendem que é naquelas falas inacabáveis de lamúrias ou contentamentos, na raiva daqueles que são na verdade os que mais admiro que está a beleza?. Das armas saem balas de paixão pelo dia-a-dia, numa trajetória calculada a direito, das lágrimas saem naturais emoções compreendidas e admiradas e não horas de treino, dos gestos saem segredos guardados só por nós compreendidos e não movimentos interessados. Em cada decorar há um compreender e um querer, em cada sofrer há um viver. Vós que são eles, abri os olhos e olhai, entendei que é linda a arte do ser, entendei que é da mais pura beleza qualquer gesto feito. Entendei que personagens são não fantoches, são partes de quem as interpreta e de quem as compreende. Não partes de quem as vê por ver. Personagens são seres que respeito e seres que sou. Compreendei que é mais do que pensais. Vós sois tão cegos. Deixai ser, sou eu quem tem de entender. Senão não viveria no mundo em que vivo, não teria os medos que tenho e não escreveria isto. Até que ponto é positivo? Reside aí a principal questão. Aquela que me pode levar ao topo por entre memórias e sorrisos de orgulho, esse sim verdadeiro, e aquela que me pode arruinar, deixar-me cair por entre aquilo que por vezes "rezo" para que não exista, e que vou rezar para nunca ter existido.

OU NÃO.

porque é que eu tenho de ser assim? é tão grande o desgosto de mim!

PS: please do not think what you are thinking, this is not what it seems

me... there... sitting on the bed, looking at the wall, of course