Falamos de "mim", com frequência. Dizemos como somos, quem somos, apresentamo-nos. Nos nossos documentos colocamos o nosso nome, e aprendemos desde pequenos a descrever-nos em inglês, em francês, em espanhol. Somos sempre apenas de uma forma, somos sempre apenas "nós". Talvez assim não seja. Nós, humanos, somos na verdade um "eu"? Talvez tenhamos, como dizem os antigos e os novos revoltados, "duas caras". Talvez não haja pessoas boas, nem pessoas más. Não haja pessoas invejosas/generosas, humildes/convencidas, entre outras "vertentes" humanas. Talvez não haja, na verdade, personalidades. Somos, no fundo, de tudo um pouco. A questão é que cada um escolhe o seu caminho. Cada um escolhe o que quer ser, depois foge daquilo que é, volta a questionar-se sobre o que deveria ser e não é, e no fundo fica sempre por ser sem nunca chegar, na verdade, a saber como foi. Escolhi o caminho da bondade, mas não consigo ser má? Não consigo insultar alguém, pensar mal de alguém, reagir com sede de vingança ou simplesmente pura raiva? Não consigo?
Escolhi o caminho da generosidade, mas aquele lenço de papel que é, por acaso, o último da saquinha de lenços de papel... e alguém me pede um lencinho e eu, que na verdade o tenho ali bem guardadinho, na saquinha, porque é o último, porque não há mais nenhum lencinho... "não tenho". E lá fica o coitado sem lenço, aflito. E depois passado um tempo outro me pede o lenço e eu, farta de esperar, dou-lho. Então mas o lenço não era para mim?
Escolhi o caminho da humildade, mas por acaso naquele dia em que tenho aquela roupa muito original, muito bonita, muito elegante... não andarei com aquele sorriso e aquele andar que, só de si, atrai sarilho...? Não andarei com aquele tom de voz estranho simplesmente porque hoje estou... bonita?
Onde, onde nisto tudo é que entra a minha personalidade? Não era eu que era humilde, não era eu que era generosa?
E eu, eu que simplesmente vesti algo diferente e não dei um lenço. Eu que perdi a personalidade, ou então é o que penso.
Todos, na verdade, temos "duas caras". Alguns mentem, alguns fingem ser o que não são, alguns revelam o seu predominante "eu" mais tarde, quando todos pensavam que "não era assim". E por isso mesmo, por nunca sabermos até que ponto os outros podem chegar, por nunca sabermos como realmente os outros são, o meu conselho soa para ti sincero e humilde: "Fazes mais falta a ti próprio do que aos outros".
7 comentários:
Nós podemos ser um pouco de tudo. É como dizes: não há pessoas boa/más, humildes/convencidas. É demasiado ousado rotular assim as pessoas. Já acabamos todos por ser maus ou bons, generosos ou invejosos, convencidos ou humildes e revelámos um dos lados em conformidade com o ambiente em que nos encontrávamos e com as pessoas que estávamos. Tens certamente alguma rapariguita na tua escola que não gostas (ou então supõe), e com toda a certeza existem outras raparigas que gostam delas e são amigas dela. Talvez para ti ela revele uma facete e para as amigas outra.
E, agora falo por mim, outro exemplo.. existem pessoas para as quais eu tenho uma paciência de santa e outras que não aguento muito tempo.. e a culpa nem é delas (ou talvez até seja, ahahahah) ou então depende dos dias. E não acho correto que me digam que sou muito paciente ou que sou uma enjoadinha e que às vezes são muito seca a responder porque nem eu própria sei como me definir. Definam-me com qualquer coisa que ande ali pelo meio, sei lá bem. Ou não definam que é melhor.
Na outra semana tive de fazer um trabalho escrito "Quem és tu?", sabes o que me veio à cabeça? Nada! Pronto, nada também não.. Era impossível, tive de ver alguma coisa xD vi assim tudo branco! ahahah
Acho que temos todas as características em potência no nosso interior, que são mais ou menos desenvolvidas e são reveladas conforme o que nos rodeia e com a nossa disposição...
beijinhos :p
a imagem não poderia estar mais adequada! gostei muito ;-)
Concordo plenamente, nós somos isso menos, como gotas que caem em lugares diferentes, ao pé de pessoas diferentes, de uma forma diferente a cada dia que passa.
Também não me é fácil definir-me, e quando o tenho de fazer coloco as minhas características mais predominantes, que mais se notam, que mais eu "sinto que sou". Quando me enervo, quando todos se enervam, são maus. Não escreveria num trabalho "sou má", porque não é verdade. Consigo sê-lo, sou-o como toda a gente mas não é algo que preodomine em mim, não é algo que olhem para mim e o digam, a não ser que faça por isso xD acho que não ahahah!!!
obrigada, também adorei a imagem... já a tinha há algum tempo, e estava à espera do texto certo onde a pôr... eheh xD
beijinhos e até sexta lá vamos nós... ahaha segundo o que a minha mãe disse vai passar primeiro por aí para vos ir buscar e depois é que me vem buscar a mim ehehe vais ver a minha escola!!! :O
beijinhos ;)
sofia
Mas eu já vi a tu escola, querida Sofia :b já aí estive.
beijinhos
Interessante, quando li isto também me lembrei do trabalho... Eu nem sabia o que escrever, e meti-me lá com umas frases meias para o esquesito e confuso... Porque eu não olho para mim como um só, não me sei definir objectivamente. Porque tudo varia!!! De pessoa para pessoa, e como a Daniela disse, por vezes nem é culpa delas, mas há "alguma coisa" nelas que nos faz ser "assim ou assado" para cada uma.
Não podias estar mais certa :) Fazemos aquilo a que eu chamo, teatro diário... Representamos, conforme diversos factores... Incorporamos várias personagens, e ás vezes, num dia só... Verdade não é?
Beijinhos,
Joan
Deixa lá vais lá outra vez ahaha! xD
Complatamente verdade, Joana... no fundo, somos todos atores só que uns têem realmente talento para acentuarem exageradamente partes de si e ser o que nunca foram, e os outros naturalmente têem dois lados... a questão é até que ponto a hipótese dois será positiva, uma vez que não falamos de ficção mas sim da realidade...
beijinhos,
sofia
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