quarta-feira, 7 de setembro de 2011

diário da tua ausência .


Passou-se mais uma noite. Passaram-se mais horas e segundos, mais dias. Na aura do teu regaço descanso calma enquanto as semanas carregadas de saudade vão passando e deixando as suas pegadas no meu ser, pisado pela tua ausência. Apoio-me constantemente nos sonhos, procurando sempre pelo segredo dos seus fundos, a ver se te vejo. Abro os olhos com muito força, contrariando a claridade que me ofusca, tentando ver-te no meio do nada, agora mais iluminado por uma réstia de esperança. Uma esperança tão simples que me inquieta. Uma simples sensação de que me vês daí, daí de onde estás. E quando não o sinto, uma vontade constante de o voltar a sentir. Tenho medo, não de te ter aí, mas sim de um dia deixar de te sentir.
Eu, eu que sou famosa por ser a fofoqueira número um, a casamenteira número dois, a revistas cor-de-rosa número três. Eu, que dava tanto para ter um autógrafo de todos os actores de que gosto. Eu, toda bastidores e guiões. Eu, sim. Eu mesma. Eu, a que está a escrever isto, passava por cima disto uma borracha, calcava e rasgava estas palavras vagas, tudo para ter um simples autógrafo de uma única pessoa. Não famosa, não jovem. Acabava já aqui para poder sequer pisar onde essa pessoa já pisou. Não um actor, não um cantor. Um anónimo, um senhor de idade, um carniceiro. É simples, o meu avô. Ele: o meu herói, o meu ídolo, a pessoa de quem me orgulho.
A pessoa. Simplesmente, A PESSOA.

4 comentários:

daniela fernandes disse...

É por isto mesmo que o mundo nos parece tão perigos. Amedronta-nos. Coloca as pessoas na nossa vida sem que as possamos escolher (neste caso, família) e depois leva-as sem aviso, sem um pedido de permissão. E achámos tão injusto.
Amedronta-nos também, porque num momento estamos com essa pessoa que tanto amámos e parece que será sempre assim, e num dia, num momento. Sim, basta um momento para tudo mudar. Para ficarmos sem ela. Para que esses momentos nunca mais tornem a acontecer. E, é assim, um instante que nos rouba o amor, e o carinho de anos. Desde que nos conhecemos e reconhecemos como pessoas. E o tempo empurra, leva para longe esses momentos.
É um tanto contraditório. Mas, parece que esses momentos aconteceram ainda ontem... mas ao mesmo tempo parece que já lá vai tanto tempo. Como um sonho, ou uma vida passada. Não sei, é estranho... mas é assim que, pelo menos eu, vejo estas situações.
E eu sinto muita, muita falta dos meus avós maternos. Os outros, os paternos não os conheci :(
beijinhos princesa ;)
daniela fernandes

common courtesy disse...

:D Também não conheci o meu avô materno, morreu quando eu tinha 1 ano, e por isso não tenho quaisquer memórias dele...
Vejo as coisas exactamente da mesma forma que tu :)
Beijinhos

Anónimo disse...

É, linda Sofia...o teu avô estará certamente orgulhoso de ti, destas palavras. O amor não acaba...não este, esta amor assim...este fica a unir-nos mesmo depois de já não estarmos com as pessoas que amamos...
(IM)

common courtesy disse...

Acho que acredito nisso, talvez tudo dependa disso... então nesse caso está comigo onde só eu sei :)