domingo, 28 de agosto de 2011


Poderia ter medo de incêndios, medo de cães, medo de ficar sozinha, medo do escuro. Mas e se vos dissesse que tenho medo do futuro?
Jamais saberei o que o amanhã trará, jamais saberei o que acontecerá daqui a um minuto, jamais saberei o que serei. De que me adianta sonhar, se pode até nada acontecer? De que me adianta fazer planos, quando eles podem simplesmente apagar-se, desaparecer sem rasto?
Descalço o futuro, tento sempre prevê-lo, tento sempre imaginá-lo, sabendo perfeitamente que a máscara cairá, que ele se revelará tal como é.
O futuro, o espectro que tanto temo, dir-me-á, com toda a sua sinceridade e frontalidade o que é. Revelar-me-á porque o é, como o é, mas nunca como será. Os meus sonhos explodirão como bombas, esmagar-se-ão em simultâneo, tirando-me o pouco que restava de algumas migalhas de mim, não me deixarão ser o que quero, revelar-me-ão o lado negro. Mesmo assim, o futuro nunca me dirá o que vem a seguir, e mesmo com o pouco que tinha destruído, que me impede de voltar a tentar? Não sei se sim, não sei se não.
No entanto, quereria eu saber o futuro? Quereria eu saber o que me vai acontecer? Não.
Teria medo, fugiria apavorada, negando tudo. Muitas vezes já o disse, vivemos para nos encontrar, vivemos a procurar, vivemos a sonhar. “O sonho comanda a vida”, de que nos adiantava saber o que ia acontecer? Isso é moldado pelo que fazemos antes, ou está destinado desde o início? E terá tudo de ter um início, ou estamos definidos desde sempre? Nós, os nossos nomes, os nossos gostos, a nossa vida? Terá tudo de começar algum dia, terá tudo de começar, com todas as letras da palavra? Não estaremos nós, definidos desde o inicio, existindo na nossa forma de existir, que ninguém ainda sabe explicar?
Mais perguntas para as quais não terei resposta. Mais perguntas que guardarei como segredos que ninguém pode descobrir, às quais apenas o futuro pode responder.
Mas teria medo, medo de saber o futuro. Medo do próprio futuro. Teria medo de saber o que me vai acontecer porque, nesse caso, nada adiantaria. Não adiantaria sonhar, não adiantaria acreditar, não adiantaria questionar. Estaria tudo definido e, gostando ou não, teria de ser o que o futuro ordenara, sem margem para impedimentos, ou até talvez tentar contrariar, embora isso fosse ligeiramente difícil e talvez impossível, falando do famoso “destino”.
Existirá? Existirá um destino? Estaremos nós destinados a uma vida sem escolha? Então de que nos adianta matar ou fazer nascer, bater ou acariciar, gritar ou falar, se estamos destinados e nem sequer podemos escolher? Nesse caso, não há reencarnação, nem Céu, nem Deus, já que não podemos escolher o que queremos ser, já que de nada nos adianta arrepender-nos. A culpa nem sequer é nossa, e se fosse era tudo tão mais fácil.
Acredito que não haja um destino, acredito que escolhemos o que somos, que trabalhamos para o que queremos, acredito que não temos um início, e desde sempre fomos assim.
Adiantar-me-á acreditar? Talvez nunca consigo o que quero.

7 comentários:

daniela fernandes disse...

Também não acredito no destino. Não depois destes dois anos de filosofia.. é como digo, só aos 16 é que comecei a ganhar juízo (ou não! xD). Mas, é como dizes, não acredito porque assim sendo não seriamos culpados de nada..
Nós somos o resultado do nosso passado. Aliás, há uma história por detrás de cada um de nós. Há sempre uma razão para agirmos de determinada forma. Não somos assim porque queremos, muitas das vezes, somos assim porque algo no passado nos criou. Algo, alguém...
E porque acima de tudo, a vida é feita de escolhas.
No entanto, não controlámos tudo. Apesar de a vida ser nossa, só a controlámos até certo ponto. Existem características que já estão em nós. Qualquer que seja o nosso princípio, onde quer que seja ou até mesmo se sequer existiu, existem características que nos acompanham desde essa altura. Vamos formando a nossa personalidade mas não vimos do zero. Vamo-nos construindo, mas já temos alguns alicerces. Construímos sobre o que temos.
Em relação ao medo do futuro... eu antes não tinha assim tanto medo, nem sequer pensava muito nisso. Mas agora (...) apanho sempre uma crise destas quando estou num ano em que vou ter de mudar de escola :|
tenho medo deste novo ano, e das mudanças a que vou ser sujeita. Chama-me o que quiseres, mas as mudanças fazem me confusão. Assustam-me sempre, no início. Mesmo sabendo que depois me adapto bem (pelo menos assim tem sido :))
Parabéns pelo texto, gostei! E já algum tempo que não me desafiavas assim, no sentido de te responder à altura .. ou pelo menos tentar :p
beijinhos,
daniela fernandes

Sandra disse...

Adianta acreditares em ti mesma! O futuro não é mais do que aquilo que vai acontecer, não o que te aguarda, senão chamaria-se destino, e tu não acreditas no destino. É bom pensares nisso, não teres medo. O futuro é pedacinhos das tuas escolhas do passado e do presente e das escolhas dos outros, por isso, influenciado pelas tuas vontades (se realmente temos liberdade de escolha e vontades). No futuro, tu podes ser o que quiseres, basta sonhares. E acredita que o melhor que o futuro de pode dar é o seu mistério, é o ponto de interrogação à sua frente, a surpresa!
Beijinhos

common courtesy disse...

Ahahahahahaha xD
E, como sempre ehehe estou de acordo contigo. Por vezes, perdemos o controlo, não conseguimos explicar porque agimos de determinada forma, porque dissemos algo, porque fizemos algo. O nosso poder de controlo sobre nós falha desde a mais pequena coisa (as tais inconveniências ahah) até erros "fatais". Não somos completamente nós, até porque eu acredito na reencarnação, e em tudo aquilo que nasceu connosco, naquilo que somos, e não naquilo que apenas nós criamos, no nosso total controlo. Não há maior engano so que acreditar-mos que somos capazes de nos controlar-mos...
Mas eu também ou assim, tenho sempre medo das mudanças, mesmo que todos me digam "tu és muito social, adaptas-te", ou "tu fazes amigos com muita facilidade", eu temo sempre o que vai acontecer e depois, como disse no texto, cometo o erro de imaginar muito como será, de criar muitos rabiscos em paredes brancas, de tentar ver para o que é opaco. Como na música "Estou Além" que publiquei e disse com toda a verdade que se aplica a mim, estou sempre à frente do que acontecerá, mas no entanto "quero quem eu nunca vi, quem eu não conheci" e pior ainda, "só estou bem aonde eu não estou, só quero ir aonde eu não vou". Ahahaha constante insatisfação, constante ansiedade, constante pressa, tudo para chegar aonde ainda não chegeui, não por não querer o que tenho, mas sim porque prefiro o trabalho à recompensa :D
"Não sei de que é eu fujo. Mas porque é que eu recuso quem quer dar-me a mão", outra que também serve para mim...
E Daniela, vou voltar a repetir: se todos comentassem como tu, como a tua irmã, como a Sandra ou como a Joana Alves, entre outros, estávamos todos felizes, porque fazem críticas construtivas, elogios, dão a vossa opinião e dão-me ideias. Melhor é impossível. Estás sempre à altura ;)
beijinhos

common courtesy disse...

Falaste em algo que me chamou à atenção. "O futuro é pedacinhos das tuas escolhas do passado e do presente e das escolhas dos outros", infelizmente. Muitos "futuros" não são os desejados por culpa de terceiros. Mas porque é que estes humanos não dão liberdade uns aos outros, em vez de tentarem sempre dominar o que não é seu?
beijinhos
sofia

Anónimo disse...

Bem, faltava eu! eheheheh...Pois minha querida Sofia, essas duas meninas já disseram quase tudo. Eu também não quereria saber o futuro. E sabes porquê? Porque não poderia sabê-lo, porque ele não está definido à partida, sendo nós que o fazemos à medida que vamos definindo os nossas caminhos e fazendo escolhas. Todavia há, certamente, «peças» que nos são colocadas antecipadamente no caminho, que nos estariam «destinadas», se assim preferires, mas cuja conjugação depende de ti. A maneira como as encaixas, como as resolves, decide a forma que elas vão tomar e, automaticamente, as peças que aí poderão encaixar um dia. Mas o futuro é sempre assustador, precisamente porque não sabemos o que ele é. Precisamente por isso faz todo o sentido sonhar e lutar pelos objectivos que queremos alcançar, independentemente de os alcançarmos ou não. Há coisas que apenas dependem de nós; outras não. Como diriam os meus queridos manos Anathema, «defy your limits anda flyyyyyyyyyyyy»...
(IM)

common courtesy disse...

Sim, sim, como dizia a Daniela "construímos a partir do que temos", a partir de peças que nos são colocadas no caminho, e somos diferentes porque as gerimos de forma diferente. "Cada um reage de forma diferente", como se costuma dizer, mas que para mim funciona mais como "cada um lida com o que é de forma difernte" ;)

common courtesy disse...

* disse num comentário qualquer
"Não sei de que é que fujo, mas porque é que eu recuso quem quer dar-me a mão, outra que também serve para mim"...
Estou tão além que me enganei ahahaha, o que eu queria dizer era "talvez a única que não serve para mim"... ahaha estou mesmo noutra!! Isso porque, talvez até nem recuse sempre quem me quer dar a mão, embora por vezes recuse.
Bem, está esclarecido o engano!! :)