Há dias de tão forma ridículos que me sinto perfeitamente inútil. Sinto que não sirvo para nada, que não faço falta a ninguém, que ninguém daria pela minha falta se desaparecesse para o nada. Apenas nos sentimos importantes quando somos amados por alguém, e quando mais pessoas nos amam e invejam mais nos sentimos importantes, e por isso muitos procuram a fama. Mas de que nos importa a fama, reduzida a apenas este mundo ou a um mísero país deste mundo? Somos tão pequenos e insignificantes que se o mundo acabasse seríamos apenas mais uma partícula do Universo a deixar de existir que não faz falta ser algum. Muitos me elogiam, me invenjam, muitos me dizem "se não existisses tinhas de ser inventada", "és muito importante para mim", "adoro-te". Obrigada, humanos, por pensarem isso, mas não sou mais que um pequeno ser que não compreende a sua própria existência, e isso talvez seja positivo. Talvez se a nossa espécie percebesse o quanto é insignificante acabasse mais depressa, perdendo a vontade de viver. Por vezes penso noutras pessoas, que admiro, e penso como para elas não sou ninguém. Não me conhecem, não sabem quem sou. E por isso sou insignificante, só seria verdadeiramente importante se todo o Universo soubesse quem eu sou. Mas estamos reduzidos a este mundo. E talvez até seja muito, porque talvez chege que alguém próximo nos admire e precise de nós para sermos necessários. Nós próprios precisamos de nós. Talvez nem precisemos de ser importantes, precisemos apenas de estar vivos, mas isso por vezes é tão difícil, com toda a maldade do mundo e o sentimento de indiferença, que só me apetece desaparecer. Não morrer, é uma palavra muito forte para isto. Simplesmente nunca ter nascido, ter nascido noutra dimensão, noutro mundo, noutra vida, não ser quem sou, não viver onde vivo, ser outro ser, pararelo à maldade humana, à dificuldade humana, à incomplitude colossal da nossa raça tão estranha. É difícil sonhar com um emprego de sonho, um carro de sonho, uma vida de sonho, e depois "acordar" e perceber que ainda tenho de trabalhar muito para isso, sofrer para isso, e sobretudo sorrir, porque uma vida sem sorrisos são demora mais que os segundos míseros de uma lágrima. Ser feliz, ignorando estes sentimentos, esses sim, insginifantes, de ridicularidade. E por vezes sinto-me tão estúpida quando faço certas coisas, tão inconveniente quando me rio quando não há razão para rir, tão má quando vejo que alguém se magoa verdadeiramente por minha causa, que penso, mais uma vez, este pensamente que nunca terá fim "porque estou aqui?". Sinto-me tão insignificante que todos gozariam comigo, mas talvez seja eu que estou a gozar comigo própria. Estes pensamentos são ainda mais ridículos que eu própria, mas tenho a certeza que não sou a única que penso assim. No entanto não posso fazer nada para o controlar nem esquecer.