O Mundo é demasiado fantástico para ser descrito. Não há forma. É demasiado espectacular, demasiado único, demasiado diferente, demasiado grande... o Mundo é demasiado para nós. E é demasiado difícil, cruel, injusto, pecador, assassino, sincero. É tão diferente de todo o resto que é simplesmente impossível descrevê-lo. O Mundo surpreende-me todos os dias. Não há dia que não pense na grandiosidade do pôr-do-sol, na dádiva da vida, na sorte que todos tivemos. Temos tudo preparado... É só nascer, viver e morrer. Missão: ser feliz. Porque temos nós de estragar tudo? Porque temos sempre de desperdiçar o que nos é dado?

Apenas morremos porque o nosso corpo imperfeito não é capaz de aguentar mais. Ou alguém nos mata... ou alguma doença. Ou acabamos connosco próprios. O Mundo não nos mata. O Mundo tem carinho por nós como mais ninguém... é grande, bonito, espectacular. As palavras fogem-me quando tento dizer algo mais profundo. Como posso eu agradecer? Nem há palavras. O Mundo não é feito de palavras, é feito de vida e espírito. Somos demasiado despreocupados para o perceber, mas nem somos capazes de ser um pouco irracionais e agradecer. Há uma padrão... defendemos nós. Um padrão que é, talvez, não falar para planetas... apenas se fala para quem nos possa responder.

Precisamos sempre de respostas. Vivemos numa harmonia tão colosssal que uma resposta suficientemente esclarecedora é sempre essencial. Se falarmos para... bem... uma planeta, ele não nos responde, claro! Mas... será? Viver não é a maior resposta que se pode obter? A dádiva mais cobiçada do Universo... a vida. A simples e feliz vida, onde procuraos realizar os nossos sonhos. Ou assim devia ser. Há a parte má. Mas eu hoje não estou aqui para falar da parte má. Há muita gente a falar dela... agora quem agradeça... lá está, dizendo mal obtém-se uma reposta, mas se dissermos bem ninguém quer saber... é algo demasiado remexido... ou, até... nem tocado. Completamente novo. Tão novo que se considera desinteressante.

Vivo em harmonia com o Mundo. Vivo bem com ele. É injusto, mata, faz sofrer. Eu sei disso. Mas mesmo assim vivo em harmonia para com ele, porque mais que me deite abaixo consigo sempre adorá-lo, consigo sempre admirá-lo. Consigo sempre virar o jogo ao contrário para o tão famoso lado positivo. Mas eu não lhe chamo positivo. Porque para mim não há um lado negativo. Há apenas um acontecimento, um lado apenas. Apenas uma forma de ver as coisas... dentro disso encontro o que há de melhor. Apenas isso. Como é possível encontrar um lado positivo na morte de alguém que não sofria nem que não fez mal a ninguém? Como podemos encontrar um lado positivo na morte de uma criança que não sofria, amada por toda a gente... e que simplesmente contraiu uma doença? Qual é o lado positivo na morte de um animal inocente que estava descansado ocupado a ser animal e leva um tiro? Não há. Há apenas uma lado, as coisas são sempre boas e más, mas não consigo dar-lhe o nome de lado positivo!

Mas vivo em harmonia com o Mundo. Em perfeita harmonia com o Mundo. Não vivo em harmonia com os humanos. Os humanos, esses sim, fazem o mal. E por vezes temos de ser maus para encontrar a harmonia. Temos de ser bons e maus ao mesmo tempo. Quando precisamos de dizer umas verdades às pessoas não podemos ser bons, senão quando damos conta contorná-mos o problema e não o enfrentamos... coisa que fazemos tantas vezes. Temos de ser frios e esclarecer as coisas, magoe quem magoar. Essa é a harmonia. E quando tudo se resolve é preciso saber perdoar e sorrir, seguindo o mapa do caminho da harmonia.

E por todas estas dúvidas que tenho, temas que arranjo, perguntas que faço... mais uma vez obrigada ao Mundo. E de certa forma aos humanos. Somos imensamente inteligentes e estupidamente burros para não o entender. Porquê? Não nos podíamos abraçar todos e sorrir?... porque enquanto alguma lágrima cair o Mundo é imperfeito. Somos imperfeitos... mas bem no fundo fantásticos. Eu, no fundo, gosto de humanos. Somos inteligentes, sorrimos, choramos, ajudamos, temos compaixão, e, acima de tudo, pensamos. Somos capazes de descrever uma vida apenas com o olhar, somos capazes de calar alguém com um sorriso. E há... outra vez... a parte má. Mas a parte má hoje não entra neste texto (como se isso fosse possível). Passo a vida a contradizer-me. Digo que a parte má não entra e de seguida afirmo ser impossível! Os humanos contradizem-se, questionam-se. E por isso são fantásticos. Mas é impossível. Se a parte má não for expressa pelo escritor é expressa pelo leitor. É por isso que não há lados positivos nem negativos, é tudo a mesma coisa. O negativo é positivo e o positivo é negativo. Não quero que o mal entre mas tem de entrar. No entanto, estou a evitá-lo.

E é assim. Vivo em harmonia com o Mundo. Em harmonia para com o Mundo. Tento viver em harmonia com os humanos.

Precisamos dela. Precisamos da harmonia... quer queiramos quer não.